Pular para o conteúdo principal

Roedores dão à luz com ovários impressos em 3D


No futuro, a técnica pode ser usada para restaurar a fertilidade e a produção hormonal em mulheres que passaram por tratamentos de câncer

Os camundongos, que tiveram seus ovários substituídos por uma prótese de hidrogel, foram capazes de ovular e, em alguns casos, até reproduzir-se normalmente (Yorgos Nikas/Science Photo Library/Divulgação)
Depois de extrair os ovários de camundongos fêmeas, implantando em seu lugar uma prótese feita em impressora 3D, um grupo de cientistas conseguiu fazer com que os animais recuperassem a fertilidade e dessem à luz filhotes saudáveis. De acordo com os autores, que publicaram os resultados nesta terça-feira na revista Nature Communications, o objetivo do estudo é desenvolver, no futuro, ovários sintéticos que possam ajudar a restaurar a fertilidade e a produção de hormônios em mulheres que passaram por tratamentos de câncer.

O grupo, liderado por cientistas da Universidade do Noroeste, nos Estados Unidos, produziu os ovários sintéticos montando na impressora 3D, camada após camada, uma estrutura feita de hidrogel. Em geral, esse material é instável demais para construir órgãos em impressoras 3D, mas os cientistas usaram baixas temperaturas para tornar o hidrogel mais firme.

“Nossa esperança é que, um dia, essa bioprótese de ovário seja realmente o ovário do futuro. O objetivo do projeto é que sejamos capazes de restaurar a fertilidade de jovens pacientes com câncer que tenham se tornado inférteis”, disse uma das autoras, Teresa Woodruff.

Depois de construída e implantada na cavidade do ovário extraído, a estrutura impressa foi preenchida com dezenas de folículos – as pequenas bolsas que contêm óvulos imaturos. O tamanho e o formato dos poros formados pela estrutura foram cuidadosamente controlados para que os folículos pudessem aderir a eles.

Além disso, a geometria dos poros do ovário sintético possibilitou sua vascularização: em uma semana, o implante já estava coberto de vasos, recebendo os nutrientes e hormônios necessários para a formação do óvulo. Após o desenvolvimento dos folículos, os óvulos foram naturalmente liberados pelos poros construídos na estrutura de hidrogel, como acontece em uma ovulação natural.

Depois de ovular, sete camundongos com os ovários sintéticos foram então fecundados naturalmente. Três recuperaram a fertilidade e deram à luz filhotes saudáveis. Os camundongos recém-nascidos se alimentaram normalmente com o leite das mães e, depois de amadurecerem, também reproduziram filhotes saudáveis.

Os cientistas alertam, porém, que o método por enquanto ainda só é aplicável a camundongos, já que o folículo humano é bem maior e mais complexo.

(Com Estadão Conteúdo)

Fonte: http://veja.abril.com.br/ciencia/roedores-dao-a-luz-com-ovarios-impressos-em-3d/

Postado por David Araripe

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Ferramenta na internet corrige distorções do mapa-múndi

Tamanho do Brasil em relação aos países europeus (Google/Reprodução) Com ajuda da tecnologia digital, é possível comparar no mapa o real tamanho de nações e continentes Os países do mundo não são do tamanho que você imagina. Isso porque é quase inviável imprimir nos mapas, planos, em 2D, as reais proporções das nações e dos continentes. Mas agora, com a ajuda da tecnologia moderna, as distorções do mapa-múndi podem ser solucionadas. É exatamente o que faz o site The True Size Of (em inglês, ‘o verdadeiro tamanho de’). Ao entrar na plataforma é possível verificar o real tamanho de um país, comparando-o com qualquer outro do planeta. Por exemplo, o Brasil sozinho é maior que mais de vinte países da Europa juntos (confira na imagem acima). Por que é distorcido? O primeiro mapa-múndi retratado como conhecemos é do alemão Martin Waldseemüller, feito em 1507, 15 anos depois dos europeus chegarem à América com Cristóvão Colombo em 1492. Na projeção, observa-se uma África muito maior...