Pesquisa mostra que a exposição de crianças e adolescentes a altos níveis de emissão de poluentes associados ao tráfego de veículos causa dano aos telômeros, estruturas que protegem os genes
Em verde, nas pontas do cromossomo, os telômeros protegem a integridade dos genes e proteínas contidos na estrutura. Foto: Divulgação/ Universidade de Stanford (EUA) |
O estudo incluiu 14 crianças e adolescentes que vivem em Fresno, Califórnia – a segunda cidade mais poluída dos Estados Unidos. Os pesquisadores avaliaram a relação entre os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH, sigla em inglês), um poluente atmosférico “onipresente” causado pelo escape de veículos motorizados. O dado foi correlacionado com o encurtamento de telômeros. O trabalho pode ser lido na revista Journal of Occupational and Environmental Medicine.
Antes de prosseguir, é necessário entender o que são telômeros e cromossomos. Os telômeros são uma espécie de capa protetora desses cromossomos, garantindo a estabilidade e a integridade do DNA. Para se ter ideia, em cada célula humana existem 23 pares de cromossomos e, portanto, 92 telômeros. Eles são compostos por sequências repetitivas de DNA. O seu encurtamento está relacionado faz parte do processo de envelhecimento e sofre influências do estilo e hábitos de vida. Já os cromossomos, localizados no núcleo das células, são estruturas que carregam genes e proteínas de um ser vivo, responsáveis por definir as características físicas particulares de cada indivíduo. Os cromossomos estão localizados no núcleo de cada células que compõe o ser vivo.
À medida que a exposição aos poluentes PAH aumentou, o comprimento dos telômeros diminuiu de modo geral. Expostos a níveis mais elevados desses poluentes, jovens com asma também apresentaram encurtamento de telômeros.
O estudo acrescenta dados que confirmam achados anteriores de que a poluição do ar causa estresse oxidativo, o que danifica gorduras do organismo, proteínas e DNA, acelerando o envelhecimento celular. As pesquisas também mostram que o encurtamento dos telômeros de jovens e crianças pode se manifestar por reações diferentes aos estímulos em relação às respostas das células adultas, tornando-os mais vulneráveis aos efeitos nocivos da poluição do ar.
“O maior conhecimento do impacto da poluição do ar no nível molecular é necessário para projetar intervenções e políticas eficazes”, concluiu o pesquisador Balmes. O cientista acredita que o avanço das investigações sobre os telômeros permitirá que se convertam em novo biomarcador para refletir os efeitos da exposição à poluição do ar em nível celular e seus resultados adversos para a saúde.
Postado por David Araripe
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