Pular para o conteúdo principal

Criado componente fundamental para a computação spintrônica

O diodo spintrônico é baseado em um memoristor, um componente que imita as sinapses do cérebro. [Imagem: NIST]
Diodo spintrônico

Pesquisadores do Instituto Nacional de Padronização e Tecnologia (NIST) dos EUA desenvolveram um componente básico fundamental para o desenvolvimento da spintrônica.

Componentes spintrônicos processam e transmitem informações usando o momento angular de cada elétron - mais conhecido como spin do elétron -, em vez das cargas elétricas de trilhões de elétrons fluindo na forma de uma corrente, como na eletrônica atual.

O resultado é que futuros circuitos baseados nesse conceito serão mais rápidos e consumirão uma fração da energia necessária para os equipamentos atuais.

Embora já existam demonstrações de inteligência artificial com spintrônica e uma estreita convergência da spintrônica com a computação quântica, os componentes fundamentais dessa tecnologia emergente ainda exigem tensões mais elevadas do que seria desejável para chips verdadeiramente revolucionários.

Foi justamente esse problema que Hyuk-Jae Jang e Curt Richter resolveram: eles modificaram um memoristor, o componente usado para construir sinapses artificiais, para que ele funcione como uma chave liga/desliga de correntes de spin, filtrando os elétrons com spins diferentes - essencialmente um diodo spintrônico.

O problema de alta tensão


É o spin o que dá magnetismo às coisas magnéticas: Cada elétron se comporta como um pequeno ímã, com dois pólos opostos. Materiais nos quais a maioria dos spins dos elétrons está alinhada na mesma direção (polarizada) produzem um campo magnético com a mesma orientação. Elétrons com o mesmo alinhamento de spin passam facilmente através desse material, enquanto elétrons com o alinhamento oposto são bloqueados.

Essa propriedade tem sido explorada para fazer "válvulas de spin" microscópicas - tipicamente um canal com uma camada magnética em cada extremidade. A polaridade relativa dos dois ímãs liga ou desliga a válvula: Se os dois ímãs tiverem o mesmo alinhamento, a corrente polarizada por spin passa através do canal; se os ímãs tiverem alinhamentos opostos, a corrente não consegue fluir.

Esse diodo spintrônico é "comutado" invertendo-se a polaridade de um dos ímãs, o que é feito aplicando uma corrente suficiente de elétrons com a rotação oposta. No entanto, inverter a polaridade do ímã gasta mais energia do que seria desejável.

Sinapse eletrônica vira diodo spintrônico

Jang e Richter foram buscar uma solução para o problema nos memoristores porque estes são essencialmente sanduíches de diferentes materiais, com um eletrodo na parte superior e outro na parte inferior, entre os quais estão uma camada de metal (condutor) e uma camada óxido (mau condutor). Quando uma tensão é aplicada aos eletrodos numa direção, a corrente flui e, invertendo-se a tensão, a corrente é desligada.

Eles descobriram que isso acontece porque a corrente faz com que átomos do metal condutor se difundam e interajam com o óxido - as camadas são extremamente finas - formando pequenos filamentos através da camada isolante que funcionam como canais de baixa resistência à corrente. Se a corrente é invertida, a camada de óxidos se livra dos átomos metálicos e a resistência volta a subir, interrompendo a corrente.

Qualquer que seja o sentido da corrente, assim que ela é desligada a resistência da camada de óxido fica "congelada" no estado em que se encontra - é por isso que os memoristores se "lembram" da última corrente que os atravessou, permitindo que eles funcionem como sinapses artificiais.

A novidade é que esses mesmos filamentos atômicos que se difundem pela camada de óxido permitem filtrar a corrente pelo spin, seguindo o modelo tradicional das válvulas de spin - e com baixas tensões e correntes.

"O que torna [nosso componente] único é que você pode abrir ou fechar um canal de spin usando um controle elétrico," explicou Jang. "E assim, com uma pequena tensão, podemos ligar e desligar a corrente de spin em um tempo de sub-nanossegundo, sem ter que inverter a polaridade do eletrodo ferromagnético de uma válvula de spin. Essa operação de alta velocidade e baixo consumo de energia é essencial para construir a futura tecnologia de lógica baseada em spintrônica para substituir a atual tecnologia de eletrônica baseada em CMOS, usada para fabricar quase todos os circuitos integrados hoje."

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=componente-fundamental-computacao-spintronica&id=010110170512#.WRjL-lUrLIV
Postado por David Araripe

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...

Ferramenta na internet corrige distorções do mapa-múndi

Tamanho do Brasil em relação aos países europeus (Google/Reprodução) Com ajuda da tecnologia digital, é possível comparar no mapa o real tamanho de nações e continentes Os países do mundo não são do tamanho que você imagina. Isso porque é quase inviável imprimir nos mapas, planos, em 2D, as reais proporções das nações e dos continentes. Mas agora, com a ajuda da tecnologia moderna, as distorções do mapa-múndi podem ser solucionadas. É exatamente o que faz o site The True Size Of (em inglês, ‘o verdadeiro tamanho de’). Ao entrar na plataforma é possível verificar o real tamanho de um país, comparando-o com qualquer outro do planeta. Por exemplo, o Brasil sozinho é maior que mais de vinte países da Europa juntos (confira na imagem acima). Por que é distorcido? O primeiro mapa-múndi retratado como conhecemos é do alemão Martin Waldseemüller, feito em 1507, 15 anos depois dos europeus chegarem à América com Cristóvão Colombo em 1492. Na projeção, observa-se uma África muito maior...