Pular para o conteúdo principal

Brasil é líder global em número de mulheres cientistas

Mulheres são autoras de 49% dos artigos científicos produzidos no Brasil e chegam a 17% das invenções, superando países como Estados Unidos e Japão

ideias;tecnologia;ciência;inovação;beleza;Expansão Natália Cerize, no laboratório, do IPT: meta é criar novos consórcios (Foto: Fabiano Accorsi)

 Um levantamento feito pela Elsevier, editora de artigos científicos, revelou que, em vinte anos, a participação feminina na produção científica no Brasil cresceu 11%. O estudo  “Gender in the Global Research Landscape” comparou 12 países ao todo – como Estados Unidos, Japão e Reino Unido – usando critérios como número de artigos em publicações científicas e citações de pesquisadoras mulheres.
A pesquisa repercutiu em veículos de todo o mundo, como a revista Forbes (que publicou uma matéria com o título: Novo Estudo Surpreendente: Brasil é Líder Global em Igualdade de Gênero nas Ciências). No caso da publicação americana, o que chamou a atenção foi a incongruência entre os resultados e o quadro de discriminação por gênero no Brasil. Como apontou a Forbes, “as notícias sobre mulheres no Brasil tendem a ter cunho negativo”, se referindo ao número de feminicídios e ocorrências de violência de gênero no país.
Como a Elsevier constatou, entretanto, há o que comemorar quando o assunto é ciência. Dos artigos publicados no período analisado, que vai de 1996 a 2015, em média 40% dos autores eram do gênero feminino. No caso brasileiro, o número alcançou a casa dos 49%, beirando a paridade de gênero. Em termos brutos, só entre 2011 e 2015, isso equivale a 153.967 artigos contabilizados no Brasil.
Nos caso dos inventos elaborados por cientistas brasileiros, o índice de mulheres também surpreendeu. Entre 1996 e 2015, a taxa subiu de 11% para 17%. Atualmente, o número supera o resultado de países como o Reino Unido e mesmo da União Europeia como um todo, que chegaram ao marco de 12% de inventoras.
Outro lado da moeda
Agora, quando os artigos acadêmicos envolviam pesquisadores de outros países, a participação das mulheres ficava em desvantagem – 20%, em comparação aos 25% dos homens. No caso do Brasil, em comparação a gigantes da pesquisa como Estados Unidos e Reino Unido, essa taxa de colaboração internacional, ainda que por meio de textos científicos, é mais baixa.

A diferença com marca de gênero continua também em termos de mobilidade internacional das pesquisadoras – ou seja, quando saíam do país com o objetivo de desenvolver trabalhos sobre seu campo de estudo. No Brasil, as mulheres chegam a 32% do total de estudiosos que o fazem.
Como aponta o estudo, há uma possível relação entre os dois índices: se há menos colaboração nos artigos, há ainda menos networking com pessoas no exterior e instituições estrangeiras. No fim das contas, isso reduz a possibilidade de mobilidade internacional.
De modo geral, englobando os 12 países analisados pela pesquisa, o trabalho de mulheres cientistas tende a ser menos citado que o dos homens. A ala feminina sai em desvantagem também em produção acadêmica – ou seja, publica menos artigos científicos sobre os projetos que desenvolve.
Ainda existem, como apontam dados do governo brasileiro, obstáculos para que as pesquisadoras consigam bons postos de trabalho, remuneração compatível e oportunidades no meio acadêmico.

Postado por Hadson Bastos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo

Two new proteins connected to plant development discovered by scientists

The discovery in the model plant Arabidopsis of two new proteins, RICE1 and RICE2, could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, and ultimately to improve agricultural productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. Credit: Graphic courtesy of Dr. Xiuren Zhang, Texas A&M AgriLife Research The discovery of two new proteins could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, thus improving agriculture productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. The two proteins, named RICE1 and RICE2, are described in the May issue of the journal eLife, based on the work of Dr. Xiuren Zhang, AgriLife Research biochemist in College Station. Zhang explained that DNA contains all the information needed to build a body, and molecules of RNA take that how-to information to the sites in the cell where they can be used

NIH completes atlas of human DNA differences that influence gene expression

Sections of the genome, known as expression Quantitative Trait Loci (eQTL) work to control how genes are turned off and on. Bethesda, Md. , Wed., Oct.11, 2017 - Researchers funded by the National Institutes of Health (NIH) have completed a detailed atlas documenting the stretches of human DNA that influence gene expression - a key way in which a person's genome gives rise to an observable trait, like hair color or disease risk. This atlas is a critical resource for the scientific community interested in how individual genomic variation leads to biological differences, like healthy and diseased states, across human tissues and cell types. The atlas is the culmination of work from the Genotype-Tissue Expression (GTEx) Consortium, established to catalog how genomic variation influences how genes are turned off and on. "GTEx was unique because its researchers explored how genomic variation affects the expression of genes in individual tissues, across many individuals, and