Cheiro de coisa nova
Nada pode parecer mais contraposto do que a tradicional naftalina,
associada com coisas velhas, e os computadores quânticos, associados com
o futuro da tecnologia da informação.
A naftalina (à esquerda) e o pó resultante de sua queima - esse pó negro mantém os qubits estáveis a temperatura ambiente. |
Por uma daquelas inexplicáveis ironias da história, contudo, a
naftalina pode ser a grande responsável pela viabilização dos
computadores quânticos práticos.
Tudo se deve a que, no âmbito da mecânica quântica, as partículas se
agitam constantemente e interferem umas com as outras e com o ambiente.
Como na computação quântica os dados são guardados nessas partículas,
que funcionam como qubits, para manter esses dados estáveis tempo
suficiente para que eles sejam usados nos cálculos é necessário
"acalmar" as partículas, resfriando-as até próximo do zero absoluto.
Em termos práticos isso significa que um processador quântico
poderá ser pequeno e consumir pouca energia, mas o aparato necessário
para que ele funcione poderá se equiparar às instalações milionárias
necessárias aos supercomputadores atuais.
Naftalina quântica
É aí que entra a naftalina - mais especificamente, o material
resultante da queima do naftaleno. A combustão gera um material à base
de carbono, um pó fino que pode ser disperso em solventes como água ou
etanol e depositado diretamente sobre uma pastilha de silício - depois
de seco e visto ao microscópio o material se transforma em uma série de
nanoesferas.
As nanoesferas de carbono parecem ser responsáveis pelo isolamento do spin dos elétrons, que fica menos sujeito à ação do ambiente. |
Bálint Náfrádi, da Universidade Politécnica Federal de Lausane, na
Suíça, juntamente com colegas da Austrália e da Alemanha, descobriu que
esse material consegue manter estáveis os spins dos elétrons em seu
interior por até 175 nanossegundos - considera-se que a computação quântica pode se tornar prática a temperatura ambiente com qubits que sejam estáveis por mais do que 100 nanossegundos.
"Isto provavelmente se deve à autodopagem dos elétrons condutores do
material e seu confinamento espacial nanométrico. Isto basicamente
significa que as nanoesferas podem ser feitas inteiramente de carbono e
preservarem suas propriedades eletrônicas únicas," afirmou Mohammad
Choucair, membro da equipe.
Novo e velho se juntam no atual
O registro dos dados nas nanoesferas já foi testado com êxito. Agora a equipe planeja construir uma porta lógica quântica que se mantenha funcional a temperatura ambiente, sem qualquer aparato de resfriamento.
"Em princípio, isto poderá abrir o caminho para matrizes de qubits de
alta densidade feitas com nanoesferas que sejam integradas nas atuais
tecnologias à base de silício ou eletrônica de filmes finos," finalizou
Choucair.
Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=naftalina-viabiliza-computador-quantico-temperatura-ambiente&id=010110160719
Postado por Hadson Bastos
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