Em movimento inédito, diversos ganhadores do Prêmio Nobel se
organizaram para manifestar publicamente apoio aos transgênicos e pedir
ao Greenpeace que reveja seu posicionamento contrário aos organismos
geneticamente modificados (OGM). O anúncio ocorreu hoje (30/6), pela
manhã, em evento realizado em Washington, nos Estados Unidos.
Até o momento, 110 laureados com o Nobel assinaram o documento, que está disponível no site criado para a ação: Support Precision Agriculture.
A expectativa é de que outros vencedores do prêmio possam aderir, de
acordo com os organizadres do movimento, o diretor científico da New
England Biolabs, Richard Roberts, e o ganhador do Nobel de Medicina em
1993, Phillip Sharp.
O manifesto
pede que o Greenpeace e seus apoiadores “reexaminem a experiência de
agricultores e consumidores em todo o mundo com lavouras e alimentos
modificados por meio da biotecnologia, reconheçam os pareceres da
comunidade científica e das agências reguladoras e abandonem a campanha
contra os OGM em geral, principalmente contra o arroz dourado”. A
diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) e
Ph.D em Ciências Biológicas, Adriana Brondani, apoia iniciativa. “Ao
longo de 20 anos de adoção e consumo global de transgênicos, período em
que esses produtos foram rigorosamente testados, jamais houve registro
de qualquer prejuízo que esses alimentos tenham causado à saúde humana,
animal ou ao meio ambiente”.
O arroz dourado ganhou esse nome graças à sua coloração amarelada,
resultado da modificação genética que lhe rendeu níveis maiores de
betacaroteno, fonte de vitamina A. De acordo com a Organização Mundial
de Saúde (OMS), 250 milhões de pessoas sofrem de doenças ocasionadas
pela deficiência de vitamina A, incluindo 40% das crianças menores de 5
anos que vivem em países em desenvolvimento. Com base em estatísticas da
UNICEF, cerca de dois milhões de mortes evitáveis ocorrem anualmente
como resultado da falta desse nutriente, que compromete o sistema
imunológico. As principais regiões atingidas são África e Sudeste
Asiático. O arroz dourado tem potencial para reduzir ou eliminar grande
parte das mortes e doenças causadas por uma deficiência de vitamina A.
“Nós somos pesquisadores, entendemos a lógica da ciência. É fácil
perceber que o Greenpeace faz algo danoso e anticientífico ao assustar
as pessoas”, afirmou Richard Roberts, em entrevista ao “Washington
Post”. Endereçada também à Organização das Nações Unidas (ONU) e aos
governos de todo o mundo, a carta reforça ainda que a comunidade
científica e agências reguladoras têm reconhecido repetidamente que os
alimentos melhorados pela biotecnologia são tão seguros quanto os
desenvolvidos por meio de outros métodos. O mais recente exemplo disso é
o da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos que, em maio deste ano, reafirmou que os transgênicos são seguros para a alimentação humana, animal e para o meio ambiente.
Postado por Hadson Bastos
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