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Polvos são alienígenas e chegaram a bordo de cometas, dizem cientistas

Geneticamente falando, os polvos são muito mais complexos do que os humanos.[Imagem: CC0 Creative Commons/Pixabay]
Polvos e seu DNA alienígena
Por esta nem os mais pitorescos apresentadores de programas de discos voadores esperavam.
Cientistas afirmam que os polvos são na verdade alienígenas, e foram trazidos à Terra por meteoros.
E não foram dois ou três cientistas que assinaram o artigo que defende essa ideia: são 33 deles, de 23 universidades e centros de pesquisas localizados em 12 países.
É claro que grandes ideias exigem grandes demonstrações - e, admita, a proposta de que ovos de polvo congelados chegaram na Terra a bordo de um meteoro 540 milhões de anos atrás parece ser uma ideia das grandes.
Polvos extraterrestres
A equipe ainda não tem nenhum indício real da origem extraterrestre dos polvos e seus parentes. Ou seja, nenhum ovo de polvo - e nem qualquer outra coisa que se assemelhe a uma forma de vida - foi encontrado em um meteoro. Mas os cientistas acreditam que já há elementos suficientes para, pelo menos, sustentar sua hipótese.
"A evidência do papel dos vírus extraterrestres em afetar a evolução terrestre foi recentemente plausivelmente implicada no sequenciamento do gene e do transcriptoma dos cefalópodes. O genoma do Octopus mostra um incrível nível de complexidade, com 33.000 genes codificadores de proteínas mais do que está presente no Homo sapiens," justifica a equipe.
Cefalópode é a classe de moluscos marinhos da qual fazem parte os polvos, as lulas, os náutilos e os chocos. Por sua vez, o Homo sapiens é tipicamente considerado a cereja do bolo da evolução na Terra, em relação ao qual todas as "outras evoluções" são comparadas.
"Os genes transformadores que levaram do consensual ancestral Nautilus - do simples choco à lula e ao polvo - não são facilmente encontrados em qualquer forma de vida preexistente - [Logo,] é plausível sugerir que eles parecem ser emprestados de um 'futuro' muito distante em termos de evolução terrestre, ou, mais realisticamente, do cosmo em geral," escrevem Edward Steele e seus colegas.
Eles levantam então a possibilidade de que os polvos atuais sejam descendentes de criaturas que chegaram à Terra congeladas a bordo de um cometa.
Se explicar a vida na Terra é difícil, detectar vida extraterrestre pode ser mais difícil ainda. Mas parece que pelo menos os vírus estão por toda parte - provavelmente também no espaço. [Imagem: Edith C. Fayolle et al. - 10.1038/s41550-017-0237-7]
Mas por que o polvo em particular? "Seu cérebro grande e sistema nervoso sofisticado, olhos semelhantes a uma câmera, corpos flexíveis, camuflagem instantânea por meio da capacidade de mudar de cor e forma são apenas algumas das características impressionantes que aparecem repentinamente na cena evolucionária," justifica a equipe, que então propõe: Essa evolução repentina ocorreu graças a "ovos de lulas e/ou polvos criopreservados" que caíram no oceano em cometas "há várias centenas de milhões de anos".
Os pesquisadores também aventam outra explicação: Um vírus extraterrestre teria infectado uma população de lulas primitivas, fazendo com que elas evoluíssem rapidamente para os polvos que conhecemos hoje.
Especulações válidas
É certo que esta não foi a primeira e nem será a última vez que a comunidade científica ressuscita a teoria de que a vida chegou aqui vindo de mundos distantese deu origem a algumas ou a todas as formas de vida na Terra.
Mas, quando mais de trinta cientistas de universidades e institutos ao redor do mundo criam coragem para defender tais alegações, é importante se perguntar se não vale mesmo a pena apostar em especulações e hipóteses tão heterodoxas.
Afinal, se, sob alguns aspectos, já nos livramos há tempos da ideia de que a Terra seria o centro do mundo, sob outros - quanto à vida em especial - talvez não estejamos tão distantes das ideias terra-cêntricas da época medieval quanto gostaríamos.

Bibliografia:
Cause of Cambrian Explosion - Terrestrial or Cosmic?
Edward J. Steele, Shirwan Al-Mufti, Kenneth A. Augustyn, Rohana Chandrajith, John P. Coghlan, S. G. Coulson, Sudipto Ghosh, Mark Gillman, Reginald M.Gorczynski, Brig Klyce, Godfrey Louisi, Kithsiri Mahanama, Keith R. Oliver, Julio Padron, Jiangwen Qu, John A. Schuster, W. E. Smith, Duane P.Snyder, Julian A. Steele, Brent J. Stewart, Robert Temple, Gensuke Tokoro, Christopher A. Tout, Alexander Unzicker, Milton Wainwright, Jamie Wallis, Daryl H. Wallis, Max K. Wallis, John Wetherall, D. T. Wickramasinghe, J. T. Wickramasinghe, N. Chandra Wickramasinghe, Yongsheng Liu
Progress in Biophysics and Molecular Biology
Vol.: 136, August 2018, Pages 3-23
DOI: 10.1016/j.pbiomolbio.2018.03.004

Postado por Cláudio H. Dahne (Ciências Biológicas - UFC)

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