Pular para o conteúdo principal

Rastros de luz monitoram objetos escondidos e não visíveis

O sistema consegue monitorar tudo o que acontece com o objeto dentro da caixa fechada. [Imagem: Akhlaghi et Dogariu - 10.1364/optica.4.000447]
Ver dentro sem abrir a caixa
Enxergar objetos através das paredes e fabricar câmeras que enxergam além da esquina pode ser mais simples do que se acreditava.
Milad Akhlaghi e Aristide Dogariu, da Universidade Central da Flórida, nos EUA, demonstraram como rastrear objetos escondidos analisando flutuações no "ruído óptico", reflexões da luz que não podem ser vistas a olho nu e nem detectadas pelos sensores comuns.
Enquanto essas reflexões da luz normalmente são indesejadas nas câmeras tradicionais, a dupla mostrou que é possível utilizá-las para detectar a localização de um objeto conforme ele se move fora do campo de visão - especificamente, dentro de uma caixa opaca fechada.
Assim, talvez não seja necessário abrir a caixa para ver se o gato de Schrodinger está vivo ou morto - se ele estiver se movendo a medição quântica estará definida, e o gato estará definitivamente vivo.
Por divertido que possa parecer, obviamente o mecanismo desenvolvido neste trabalho não poderia ser usado desta forma ou com esse objetivo, mas promete avançar o campo do sensoriamento remoto, ajudar no desenvolvimento de tecnologias de carros sem motoristas e melhorar a segurança da aviação - a técnica permite, por exemplo, enxergar através de um denso nevoeiro.
Rastreamento óptico
Existem várias tecnologias capazes de detectar e rastrear objetos à distância ou que não podem ser observados diretamente. A maioria delas, contudo, como o LIDAR - também conhecido como radar de luz, ou radar a laser - exige uma linha de visão entre o sensor e o objeto a ser observado, o que significa que elas não funcionam quando o objeto está obscurecido por neblina, nuvens ou outras condições que espalham a luz.
"Nós estamos promovendo uma mudança de paradigma," disse Dogariu. "Observar como as flutuações da luz são modificadas pela interação com o objeto nos permite recuperar informações sobre o objeto."
Parece fácil, mas isto é resultado de mais de dez anos de trabalho da equipe, que começou usando a luz para movimentar células vivas.
Primeiro, um pequeno objeto é colocado dentro de uma caixa de plástico, que reflete a luz de forma difusa. Um feixe de laser é disparado em uma das suas paredes, criando uma fonte de luz secundária dentro da caixa. O objeto alvo dispersa essa luz e, em seguida, essas ondas de luz tornam-se ainda mais aleatórias quando passam de volta através das paredes da caixa. A luz é então recolhida fora da caixa por um sensor, e um algoritmo isola o ruído natural das flutuações causadas pelo objeto.
"Um objeto que está escondido atrás de algum difusor de dispersão não é iluminado por um feixe espacialmente coerente," disse Dogariu. "O movimento do objeto, o tamanho do objeto e as propriedades do objeto afetam as propriedades estatísticas do campo óptico tipo ruído, e é este efeito o que nós medimos."
O sistema detecta variações difusas no brilho externo da caixa, invisíveis a olho nu. [Imagem: Akhlaghi et Dogariu - 10.1364/optica.4.000447]
Rastreamento de movimento
Como o sistema extrai informações sobre o movimento em cada direção independentemente, ele consegue identificar a posição exata em todos os graus de liberdade (esquerda-direita, cima-para baixo e diagonal). Além disso, como o método segue o movimento do centro de massa do alvo, a precisão de rastreamento não é afetada quando o objeto se inclina ou gira.
Isso permite detectar a direção na qual o objeto está se movendo, sua velocidade e suas dimensões. Mas não traz grandes informações sobre o objeto propriamente dito, como sua forma, cor ou seu formato.
Além disso, o sistema não é capaz de enxergar objetos parados, já que o algoritmo trabalha detectando variações no campo de luz, variações estas que são geradas apenas quando o objeto se move.
Embora a demonstração tenha sido feita com ondas de luz, abordagens semelhantes à base de ruído poderão ser implementadas em outros domínios, como a acústica, ou em outras frequências, como as micro-ondas, disse Dogariu.
Postado por David Araripe

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Two new proteins connected to plant development discovered by scientists

The discovery in the model plant Arabidopsis of two new proteins, RICE1 and RICE2, could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, and ultimately to improve agricultural productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. Credit: Graphic courtesy of Dr. Xiuren Zhang, Texas A&M AgriLife Research The discovery of two new proteins could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, thus improving agriculture productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. The two proteins, named RICE1 and RICE2, are described in the May issue of the journal eLife, based on the work of Dr. Xiuren Zhang, AgriLife Research biochemist in College Station. Zhang explained that DNA contains all the information needed to build a body, and molecules of RNA take that how-to information to the sites in the cell where they can be used...

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...