Pular para o conteúdo principal

Morre grande cientista, professor, pensador e bolsista SR (senior do CNPq) aos 84 anos

Crítico e escritor, membro da Academia Brasileira de Letras e ocupante de cargos no alto escalão da Unesco, ele tinha 84 anos e estava internado no Rio


Eduardo Portella, escritor, crítico e ex-ministro
O escritor e ex-ministro Eduardo Portella,
 em foto de 1997 (Rosane Marinho/Folhapress)
Eduardo Portella, ex-ministro dos governos Juscelino Kubitschek e João Figueiredo e ex-diretor da Unesco (órgão das Nações Unidas para a educação e a ciência) e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu aos 84 anos nesta terça-feira, no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro, onde estava internado – a causa da morte não foi divulgada.
Nascido em Salvador em 8 de outubro de 1921, Eduardo Mattos Portela foi membro do gabinete civil de Kubitschek, ministro da Educação no governo Figueiredo – o último antes do fim da ditadura militar – e secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro no governo de Leonel Brizola (PDT). Tornou célebre a frase “Não sou ministro, estou ministro”, em referência à transitoriedade dos cargos públicos.
Deixou o ministério após apoiar a greve dos professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o que lhe rendeu o apoio de intelectuais, como Alceu Amoroso Lima, que, em artigo no Jornal do Brasil, escreveu: “Caiu para cima”.
Também foi responsável por coordenar os temas de educação e cultura para a elaboração da Constituição de 1988, ligada à Presidência da República, e era desde 1981 o sexto ocupante da cadeira 27 da ABL, cujo patrono é Antônio Peregrino Maciel Monteiro.
Ele ainda foi vice-presidente (de 1988 a 1993) e presidente (de 1997 a 1999) da Conferência Mundial da Unesco e foi eleito em 2000 e reeleito em 2003 presidente do Fundo Internacional para a Promoção da Cultura do mesmo órgão. Também foi fundador e diretor das Edições Tempo Brasileiro, editora que se notabilizou pela publicação de obras dos filósofos alemães Martin Heidegger e Jürgen Habermas.
Era professor emérito permanente da Universidade Federal do Rio de Janeiro e recebeu vários títulos honoríficos, entre eles a Gran Cruz de la Orden del Mérito Civil (Madri, 2001), Medalha Rui Barbosa (1999), Grã-Cruz da Ordem Rio Branco (1979) e títulos de doutor honoris causa das universidades federais da Bahia (1983) e do Ceará (1981).
Tem mais de 20 livros publicados, entre eles O Intelectual e o Poder (1983), Vanguarda e Cultura de Massa (1979), Fundamento da Investigação Literária (1973), Literatura e Realidade Nacional (1963) e José de Anchieta, Nossos Clássicos.

Eduardo Mattos Portella

Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco (1955) e doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1970). Foi Ministro da Educação, Cultura e Desportos (1979-1980), Diretor Geral Adjunto da UNESCO (1988-1992) , Presidente da Conferência Geral da UNESCO (1997-1999), Presidente da Fundação Biblioteca Nacional (1996-2002), Presidente do Fundo Internacional para a promoção da Cultura / UNESCO (2000-2003). Diretor Executivo do Instituto Brasileiro de Estudos Afro-Asiáticos (1961-1964). Membro da Academia Brasileira de Letras (1981-) e Membro da Academia Brasileira de Educação. Diretor da Revista Tempo Brasileiro, das Edições Tempo Brasileiro, Presidente do Colégio do Brasil/ORDECC, Diretor dos Anais da Academia Brasileira de Letras e Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde continua a exercer sua docência. Tem experiência nas áreas de Educação, Cultura, e de Letras. Em Teoria da Literatura atua principalmente nos seguintes temas: modernidade, cultura, filosofia, história e critica.








Postado por Hadson Bastos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Ferramenta na internet corrige distorções do mapa-múndi

Tamanho do Brasil em relação aos países europeus (Google/Reprodução) Com ajuda da tecnologia digital, é possível comparar no mapa o real tamanho de nações e continentes Os países do mundo não são do tamanho que você imagina. Isso porque é quase inviável imprimir nos mapas, planos, em 2D, as reais proporções das nações e dos continentes. Mas agora, com a ajuda da tecnologia moderna, as distorções do mapa-múndi podem ser solucionadas. É exatamente o que faz o site The True Size Of (em inglês, ‘o verdadeiro tamanho de’). Ao entrar na plataforma é possível verificar o real tamanho de um país, comparando-o com qualquer outro do planeta. Por exemplo, o Brasil sozinho é maior que mais de vinte países da Europa juntos (confira na imagem acima). Por que é distorcido? O primeiro mapa-múndi retratado como conhecemos é do alemão Martin Waldseemüller, feito em 1507, 15 anos depois dos europeus chegarem à América com Cristóvão Colombo em 1492. Na projeção, observa-se uma África muito maior...