Ainda
em clima de Olimpíadas, o professor da Unicamp Marcos Nogueira Eberlin,
Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1B do CNPq, recebeu em Toronto,
Canadá, mais uma medalha de ouro para o Brasil: a medalha J. J. Thomson,
a principal honraria da área de espectrometria de massas no mundo,
oferecida pela Fundação Internacional de Espectrometria de Massas (IMSF,
na sigla em inglês). Um feito inédito, pois a medalha foi entregue pela
primeira vez a um cientista sul-americano. Eberlin, que é fundador do
laboratório ThoMSon de Espectrometria de Massas na Unicamp, recebeu a
medalha durante a 21ª Conferência Internacional de Espectrometria de
Massas no mês de agosto.
A escolha foi feita após votação dos
representantes de 39 sociedades de espectrometria de massa afiliadas.
Conforme a IMSF, os nomes foram escolhidos entre 17 candidatos indicados
graças aos relevantes serviços para o desenvolvimento e propagação da
espectrometria de massas pelo mundo. A medalha é muito concorrida e já
foi concedida a nomes mundialmente reconhecidos como John Bennett Fenn,
ganhador do Nobel de Química de 2002 e Graham Cooks, hoje o maior
pesquisador em atividade da área.
O nome da medalha é uma homenagem a
Joseph John Thomson, físico britânico que descobriu o elétron e é
considerado o "pai da técnica" além de ganhador do prêmio Nobel de
física de 1906. O laboratório ThoMSon da UNICAMP também recebeu este
nome em homenagem ao cientista.
O docente da Unicamp fez uma palestra
plenária para os quase 2000 mil conferencistas de várias partes do
mundo, falando sobre "o grande despertar no Brasil da paixão pela
ciência e pela espectrometria de massas no 'país do samba e do
futebol'". O professor comentou sobre o crescimento da área no Brasil
nos últimos 25 anos, desde que o laboratório foi criado em 1991 na
Unicamp.
A espectrometria é uma técnica de
caracterização molecular utilizada em praticamente todas as áreas de
ciência. Só para citar um exemplo, durante uma cirurgia, a
espectrometria caracteriza as moléculas que mapeiam tumores cerebrais.
"Em 1991 nós começamos praticamente do zero no país, pois havia uns
poucos pesquisadores na área, mas adotamos a filosofia de treinar o
maior número possível de espectrometristras de massas brasileiros e, com
isso, semeamos a técnica por todo o país", ressaltou o professor.
Eberlin lembrou que no Laboratório
ThoMson já se formaram quase 200 alunos de vários níveis e que hoje
atuam na academia e em empresas como especialistas na técnica.
'Começamos até a exportar pesquisadores e profissionais ". Segundo o
docente, a medalha é um reconhecimento internacional que "não vem para
uma pessoa ou para um grupo, mas para uma universidade que se
estabeleceu como líder em pesquisas na América Latina, e pelo amplo
reconhecimento internacional dessa liderança, e em uma área da ciência
que é de fronteira". Eberlin destacou a liberdade de pesquisa, a
autonomia, e toda uma estrutura de apoio e incentivo à pesquisa e a
internacionalização, que a Unicamp oferece a seus pesquisadores.
Outro motivo de comemoração é que
durante a conferência no Canadá, o Brasil através da sociedade
brasileira que Eberlin preside, alcançou outro feito inédito na área:
foi escolhido para sediar o congresso da sociedade internacional em 2020
no Rio de Janeiro. Será a primeira vez que o evento é realizado fora do
eixo EUA, Europa e Japão. "Em dezembro agora, já realizaremos o segundo
maior congresso, e em 2020 faremos o melhor e maior congresso de
espectrometria de massas de todos os tempos, pois temos toda uma geração
numerosa de jovens que faz hoje, com a paixão típica dos brasileiros,
Ciência e Tecnologia de ponta numa área de sofisticação e extrema
relevância. São momentos difíceis que passamos, mas já temos um presente
brilhante e um futuro extraordinário em ciências em um pais que se
apaixonou de vez por ela", falou com entusiasmo.
Postado por: Hadson Bastos
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