Cientistas acreditam que se conseguirem entender a quiralidade da molécula encontrada no espaço poderão compreender melhor as moléculas quirais na Terra
Pesquisadores americanos anunciaram nesta semana que encontraram uma
molécula orgânica no espaço que pode explicar como se formou a vida na
Terra. Essa foi a primeira vez que uma molécula quiral, como é chamada,
foi encontrada fora do Sistema Solar. A descoberta será publicada na
revista científica Science, mas os resultados foram
apresentados no congresso anual da American Astronomical Society. O
achado pode ajudar a resolver um mistério biológico de longa data.
De acordo com os pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech),
que realizaram o estudo, assim como os humanos, as moléculas orgânicas
que compõem o universo tendem a escolher um lado para realizar os
processos biológicos – para a direita, chamadas de destras, ou para a
esquerda, canhotas – uma preferência conhecida como quiralidade. A
maioria das moléculas na Terra se inclina para a esquerda, mas os
cientistas desconhecem o motivo.
A molécula interestelar recentemente descoberta é a mais complexa já
encontrada fora da Via Láctea e a primeira molécula quiral a ser
detectada no espaço interestelar. “É um salto pioneiro na nossa
compreensão de como as moléculas prebióticas (que deram origem à vida)
se formam no universo e os efeitos que elas podem ter sobre as origens
da vida”, disse Brett McGuire, coautor do estudo e químico do National
Radio Astronomy Observatory (NRAO), em Virgínia, Estados Unidos.
Leia também:
Nova técnica pode detectar moléculas essenciais para a vida fora do Sistema Solar
Philae encontra gelo, poeira e moléculas orgânicas em cometa
Nova técnica pode detectar moléculas essenciais para a vida fora do Sistema Solar
Philae encontra gelo, poeira e moléculas orgânicas em cometa
Moléculas quirais se formam como um “espelho”, ou seja, são
duplicadas “ao contrário”, como as mãos humanas. Os cientistas já tinham
descoberto moléculas quirais em meteoritos na Terra e em cometas no
Sistema Solar, mas até agora não havia registro de tais moléculas no
espaço interestelar. Utilizando um radiotelescópio extremamente
sensível, os pesquisadores encontraram a molécula de óxido de propileno
(CH3CHCH2O) em uma nuvem de poeira e gás chamada Sagitário B2(N).
Ao se inclinarem para a esquerda ou para a direita, as moléculas têm
uma vantagem biológica, porque a adequação as ajuda a construir
estruturas mais complexas. “O óxido de propileno está entre as moléculas
mais complexas e intrincadas estruturalmente detectadas até agora no
espaço”, disse Brandon Carroll, coautor do estudo no Caltech.
Mistério – Certas biomoléculas como os aminoácidos –
que compõem as proteínas – são exclusivamente “canhotas”, enquanto
alguns açúcares, incluindo os que compreendem o DNA, tendem para a
direita. Mesmo assim, como os organismos terrestres escolheram essa
lateralidade ainda é um mistério para a ciência.
Agora, os cientistas estão esperançosos de que a descoberta
interestelar possa ajudar a resolver o enigma ao esclarecer quais
ingredientes formaram a base do nosso sistema solar.
Eles acreditam que,
se conseguirem entender a quiralidade da molécula de óxido de propileno
encontrada no espaço, poderão compreender melhor as moléculas quirais
na Terra. “Se quisermos testar nossas teorias, precisamos ver uma
molécula quiral em outra nuvem de gás e poeira como a nossa. Foi isso
que fizemos, e por isso estamos tão animados. Agora podemos começar
experimentos reais para verificar como e por que as preferências mudaram
para um lado ou outro”, disse McGuire ao site de VEJA.
fonte: https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3077701952798090516#editor/target=post;postID=8398861550992828304
Comentários
Postar um comentário