Em 2015, 49,7 mil pesquisadores deixaram o Brasil para tentar a sorte em instituições de ensino estrangeiras. Sem ciência de ponta não há saída para economia, diz especialista
Os obstáculos para a prática da ciência no Brasil impulsionam o “brain drain” – expressão em inglês que significa a saída de cientistas de um país para trabalhar em instituições estrangeiras. E a tendência é que a fuga de cérebros aumente. Recentemente, uma das pesquisadoras brasileiras de maior destaque mundial, a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, deu adeus ao país. Ela trocou o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pela Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos. Em carta, disse “ter-se cansado do ambiente que incentiva a mediocridade”. “A ciência brasileira está agonizante”, escreveu ela na revista “Piauí”.
Principal autora de uma das raras pesquisas brasileiras divulgadas na revista “Science”, ela diz que existe uma penúria tão grande no país que ela já precisou tirar dinheiro do próprio bolso para bancar suas pesquisas. “Todo o establishment (sociedade) científico do Brasil está dominado por uma visão anacrônica que desestimula inovação, desperdiça recursos e não dá esperança a uma geração talentosa de pesquisadores que está deixando o país em massa, em busca de oportunidades melhores”, afirmou. Para Suzana, mudanças profundas são urgentes, uma vez que sem ciência de ponta não há saída para a crise.
Histórias como a de Suzana e de tantos outros pesquisadores brasileiros que tiveram que deixar o país para conseguir tocar seus projetos, vão, dessa forma, se multiplicando. Em 2015, 49.735 pesquisadores deixaram o Brasil rumo a universidades estrangeiras, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Porém, esse estímulo ao intercâmbio científico, difundido pelo governo como estratégia, esbarra nas condições favoráveis encontradas pelos pesquisadores em outros países, especialmente o fato de trabalhar em laboratórios de ponta, e eles não voltam. E, assim, a burocracia vai deixando seu rastro: o país perde não só capital humano, como também a chance de desenvolvimento científico.
Efeitos. Pesquisadores e especialistas são taxativos ao afirmarem que esse problema deixa o Brasil para trás. “Depois, o governo espera que aqueles indivíduos nos quais investiu por meio de bolsas de estudo, Ciência sem Fronteiras etc, retornem e se estabeleçam aqui, no país. Como, se não temos condições para trabalhar? Este é outro ponto em que o governo joga dinheiro no lixo: investe na formação e capacitação desses pesquisadores, mas não pensa em como criar condições atrativas para que eles permaneçam no país”, afirma a pesquisadora do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, Karina Griesi.
No último Relatório sobre Ciência, de 2015, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) afirma que, embora o país tenha expandido o acesso ao ensino superior nos últimos anos e aumentado os gastos sociais, a produtividade do trabalho continua baixa. Isso sugere que o Brasil, até agora, não conseguiu aproveitar a inovação para impulsionar o crescimento econômico.
Para a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, fazer ciência hoje no país é “uma verdadeira corrida de obstáculos”. “Quando vence um, logo aparece outro. A ciência no país só não está em um patamar pior porque é feita com qualidade, e os pesquisadores são teimosos”, reforça.
A onda de impacto de todas essas medidas negativas – como a diminuição de bolsas de incentivo à pesquisa e o “rebaixamento” do Ministério da Ciência no governo do presidente em exercício Michel Temer – só vai começar a aparecer daqui um tempo. “A ciência que estamos vendo ser publicada hoje já foi feita. O novo é que vai ser afetado”. Por isso, Helena Nader se diz extremamente preocupada com essa fuga de cérebros. “A ciência lá fora também está complicada. Financiamento não está fácil”, lamenta.
Principal autora de uma das raras pesquisas brasileiras divulgadas na revista “Science”, ela diz que existe uma penúria tão grande no país que ela já precisou tirar dinheiro do próprio bolso para bancar suas pesquisas. “Todo o establishment (sociedade) científico do Brasil está dominado por uma visão anacrônica que desestimula inovação, desperdiça recursos e não dá esperança a uma geração talentosa de pesquisadores que está deixando o país em massa, em busca de oportunidades melhores”, afirmou. Para Suzana, mudanças profundas são urgentes, uma vez que sem ciência de ponta não há saída para a crise.
Histórias como a de Suzana e de tantos outros pesquisadores brasileiros que tiveram que deixar o país para conseguir tocar seus projetos, vão, dessa forma, se multiplicando. Em 2015, 49.735 pesquisadores deixaram o Brasil rumo a universidades estrangeiras, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Porém, esse estímulo ao intercâmbio científico, difundido pelo governo como estratégia, esbarra nas condições favoráveis encontradas pelos pesquisadores em outros países, especialmente o fato de trabalhar em laboratórios de ponta, e eles não voltam. E, assim, a burocracia vai deixando seu rastro: o país perde não só capital humano, como também a chance de desenvolvimento científico.
Efeitos. Pesquisadores e especialistas são taxativos ao afirmarem que esse problema deixa o Brasil para trás. “Depois, o governo espera que aqueles indivíduos nos quais investiu por meio de bolsas de estudo, Ciência sem Fronteiras etc, retornem e se estabeleçam aqui, no país. Como, se não temos condições para trabalhar? Este é outro ponto em que o governo joga dinheiro no lixo: investe na formação e capacitação desses pesquisadores, mas não pensa em como criar condições atrativas para que eles permaneçam no país”, afirma a pesquisadora do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, Karina Griesi.
No último Relatório sobre Ciência, de 2015, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) afirma que, embora o país tenha expandido o acesso ao ensino superior nos últimos anos e aumentado os gastos sociais, a produtividade do trabalho continua baixa. Isso sugere que o Brasil, até agora, não conseguiu aproveitar a inovação para impulsionar o crescimento econômico.
Para a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, fazer ciência hoje no país é “uma verdadeira corrida de obstáculos”. “Quando vence um, logo aparece outro. A ciência no país só não está em um patamar pior porque é feita com qualidade, e os pesquisadores são teimosos”, reforça.
A onda de impacto de todas essas medidas negativas – como a diminuição de bolsas de incentivo à pesquisa e o “rebaixamento” do Ministério da Ciência no governo do presidente em exercício Michel Temer – só vai começar a aparecer daqui um tempo. “A ciência que estamos vendo ser publicada hoje já foi feita. O novo é que vai ser afetado”. Por isso, Helena Nader se diz extremamente preocupada com essa fuga de cérebros. “A ciência lá fora também está complicada. Financiamento não está fácil”, lamenta.
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