Pular para o conteúdo principal

Cientistas americanos inserem GIF no genoma de bactérias vivas

Um time de pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, fez, pela primeira vez, algo que parecia impensável: inserir um GIF animado no DNA de bactérias vivas. Foram introduzidas no genoma de microrganismos da espécie Escherichia coli cinco imagens em sequência da égua Annie G. galopando, feitas em 1878 pelo fotógrafo britânico Eadweard Muybridge. Ele empregava múltiplas câmeras para captar o movimento de animais e seres humanos, e essa foi uma das primeiras “filmagens” da história, antes da mesmo da invenção do cinematógrafo. Seu intuito era verificar se, ao se locomover, os cavalos realmente chegam a ficar, por um instante, suspensos no ar. Além do GIF, foi inserida no código genético dessas bactérias intestinais a imagem estática de uma mão. Os microrganismos usados no experimento continuaram vivos e se reproduzindo normalmente \após a inserção da animação, e o filme se manteve intacto em cada nova geração de descendentes.
Antes e depois: arquivo original e arquivo extraído | Crédito: Seth Shipman.
Mas qual a utilidade disso? Segundo os cientistas, cujo trabalho foi publicado na revista Nature, esse conjunto borrado de pixels dentro do DNA da E. coli é uma primeira demonstração de como seres vivos poderão, no futuro, ser usados na computação e para armazenar informações. Isso porque todos os dados de que um organismo necessita ficam guardados em seu genoma, que concentra toda a carga genética e hereditária codificada no DNA (ou no RNA, no caso de alguns vírus). O estudo, portanto, explora o potencial do genoma como um vasto dispositivo de armazenamento e levanta uma questão: será que um dia as bactérias poderão ser programadas para se juntar ao corpo humano e registrar um “filme” da vida de cada célula? Os pesquisadores fazem uma comparação com a função das caixas pretas em um avião, cujos dados são acessados em caso de acidente.

Liderada pelo geneticista George Church, a equipe norte-americana demonstrou como codificar imagens substituindo pixels por nucleotídeos (blocos construtores) de DNA que ficam integrados ao código genético das bactérias. Em seguida, sequenciaram o genoma dos microrganismos e voltaram a recuperar as imagens por meio da técnica de edição gênica CRISPR, obtendo 90% da resolução original. Descoberto em 2012, esse método permite a manipulação de genes com maior precisão, rapidez e menor custo, sendo capaz de cortar e substituir trechos específicos do DNA.

Fonte: The New York Times, julho de 2017.

Texto de http://cib.org.br/cientistas-americanos-inserem-gif-no-genoma-de-bacterias-vivas/

Postado por David Araripe

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Two new proteins connected to plant development discovered by scientists

The discovery in the model plant Arabidopsis of two new proteins, RICE1 and RICE2, could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, and ultimately to improve agricultural productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. Credit: Graphic courtesy of Dr. Xiuren Zhang, Texas A&M AgriLife Research The discovery of two new proteins could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, thus improving agriculture productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. The two proteins, named RICE1 and RICE2, are described in the May issue of the journal eLife, based on the work of Dr. Xiuren Zhang, AgriLife Research biochemist in College Station. Zhang explained that DNA contains all the information needed to build a body, and molecules of RNA take that how-to information to the sites in the cell where they can be used...

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...