Pular para o conteúdo principal

Objeto com massa negativa desafia as leis da Física

Objeto com massa negativa desafia as leis da Física
Quando o superátomo é liberado pelos lasers, sua expansão é assimétrica (linha sólida colorida) devido a uma variação na massa efetiva. A linha pontilhada no gráfico indica a massa efetiva, e a área sombreada indica a região de massa negativa efetiva. [Imagem: Mohammad A. Khamehchi et al. - 10.1103/PhysRevLett.118.155301]

Empurrão que puxa
Empurre-o e, ao contrário de todos os objetos físicos no mundo que conhecemos, ele não irá se acelerar na direção em que foi empurrado - ele acelera para trás, na sua direção.
Assim se comporta o objeto com massa negativa criado por Mohammad Khamehchi e seus colegas da Universidade do Estado de Washington, nos EUA.
Não é exatamente uma novidade experimental, mas Khamehchi idealizou um sistema que permite um controle sem precedentes da matéria negativa, eliminando dúvidas sobre experimentos anteriores e abrindo o caminho para a utilização da técnica em outros estudos.
Por exemplo, elétrons com massa negativa podem abrir caminho para novas formas de condução de cargas elétricas, enquanto outros pesquisadores já falam até mesmo de um motor fotônico que acelera continuamente.
Criando massa negativa
A teoria já previa que a matéria poderia ter massa negativa, da mesma forma que uma carga elétrica pode ser positiva ou negativa. Mas raramente pensamos nesses termos, e nosso mundo cotidiano vê apenas os aspectos positivos da Segunda Lei do Movimento de Isaac Newton, em que uma força é igual à massa de um objeto vezes sua aceleração, ou F = ma.
Para botar nosso mundo cotidiano às avessas, Khamehchi usou feixes de laser para esfriar átomos do elemento rubídio a uma temperatura pouco acima do zero absoluto, produzindo um Condensado de Bose-Einstein. Nesse estado da matéria, os átomos se movem de forma extremamente lenta e, conforme previsto pela mecânica quântica, se comportam como ondas. Eles também se sincronizam e se movimentam de forma coordenada, como se fossem um superátomo único - eles se tornam um superfluido, que flui sem perder energia.
Os lasers prendem os átomos como se eles estivessem em uma bacia com menos de 100 micrômetros de diâmetro. Neste ponto, o superfluido de rubídio tem massa normal. Mas, quando a bacia de laser é quebrada, o superátomo de rubídio se expande.
Para criar a massa negativa, os pesquisadores aplicaram um segundo conjunto de lasers que empurra esses átomos em expansão de um lado para outro, mudando o modo como eles giram. Desta forma, quando alguns átomos de rubídio escorrem para fora da armadilha original rápido o suficiente, eles se comportam como se tivessem massa negativa.
"Assim que você o empurra, ele acelera em sua direção," disse o professor Michael Forbes. "Parece que o rubídio se choca contra uma parede invisível".
"O que é novidade aqui é o controle requintado que temos sobre a natureza dessa massa negativa, sem quaisquer outras complicações", completou Forbes.
Objeto com massa negativa desafia as leis da Física
Uso na astrofísica
A equipe acredita que seu experimento ajudará a esclarecer comportamentos similares já observados experimentalmente em outros sistemas, explicando esses comportamentos anômalos em termos de massa negativa.
Isso cria uma ferramenta para estudar a física análoga observada na astrofísica, como nas estrelas de nêutrons e em fenômenos cosmológicos como buracos negros e energia escura, onde é impossível realizar experimentos.


Postado por Hadson Bastos

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Two new proteins connected to plant development discovered by scientists

The discovery in the model plant Arabidopsis of two new proteins, RICE1 and RICE2, could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, and ultimately to improve agricultural productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. Credit: Graphic courtesy of Dr. Xiuren Zhang, Texas A&M AgriLife Research The discovery of two new proteins could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, thus improving agriculture productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. The two proteins, named RICE1 and RICE2, are described in the May issue of the journal eLife, based on the work of Dr. Xiuren Zhang, AgriLife Research biochemist in College Station. Zhang explained that DNA contains all the information needed to build a body, and molecules of RNA take that how-to information to the sites in the cell where they can be used...

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...