Pular para o conteúdo principal

Câncer: como os novos medicamentos estão mudando a história da doença (ou das doenças)

O câncer não é uma doença única. Ele decorre de uma coletânea de doenças com características e evolução similares. Mesmo tumores que surgem e crescem no mesmo órgão, em pacientes diferentes, podem apresentar características muito diferentes em uma análise das alterações no DNA dos tumores. Estas diferenças explicam porque pacientes que aparentemente têm a mesma doença apresentam a sua evolução, e respondem aos tratamentos da mesma, de maneira distinta.

Os primeiros medicamentos contra o câncer eram basicamente venenos, usualmente direcionados contra células em rápida divisão, uma característica da maioria dos tumores. No entanto, mesmo células presentes no mesmo tumor podem ser afetadas de maneira distinta, e muitos tecidos normais dos pacientes também são afetados, levando aos temidos efeitos colaterais.

Foi testemunhado na última década um crescimento exponencial no nosso conhecimento sobre o processo de formação dos tumores, e hoje já conseguimos identificar diversas alterações moleculares no DNA, que são responsáveis pelo aparecimento e desenvolvimento de tumores específicos. O próximo passo é o de desenvolver medicamentos que atuam e bloqueiam estas alterações. Este tratamento molecular é mais interessante, e traz grandes promessas. Alguns poucos tumores já são completamente controlados com esta estratégia, e lentamente novos alvos são identificados e atacados.

O próximo passo será o desenvolvimento da biópsia líquida. O câncer libera células e DNA na circulação, e novas tecnologias estão permitindo que este material seja coletado através de um simples exame de sangue ou de urina. Em pouco tempo, um exame simples e rápido poderá não apenas determinar se o paciente tem um câncer, mas também qual seria a melhor opção de tratamento. Quando isso acontecer, teremos o verdadeiro tratamento personalizado.

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/cancer-como-os-novos-medicamentos-estao-mudando-a-historia-da-doenca-ou-das-doencas/
Postado por David Araripe

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Two new proteins connected to plant development discovered by scientists

The discovery in the model plant Arabidopsis of two new proteins, RICE1 and RICE2, could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, and ultimately to improve agricultural productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. Credit: Graphic courtesy of Dr. Xiuren Zhang, Texas A&M AgriLife Research The discovery of two new proteins could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, thus improving agriculture productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. The two proteins, named RICE1 and RICE2, are described in the May issue of the journal eLife, based on the work of Dr. Xiuren Zhang, AgriLife Research biochemist in College Station. Zhang explained that DNA contains all the information needed to build a body, and molecules of RNA take that how-to information to the sites in the cell where they can be used...

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...