Transgênicos e organismos geneticamente modificados (OGM) têm significados distintos, mesmo que geralmente sejam tratados como sinônimos. Mas você sabe a diferença entre eles? Vamos explicar em detalhes a diferença entre cada um para evitar confusão na hora de denominar cada um.
O que são OGM – organismos geneticamente modificados
A legislação brasileira diz que, independentemente da origem do material genético, todo o organismo que tiver seu DNA modificado por meio de qualquer técnica de Engenharia Genética é considerado um Organismo Geneticamente Modificado (OGM). Essa modificação pode ou não inserir um gene externo no DNA do organismo. A técnica contribui para desenvolver organismos com características de interesse específico a exemplo de cor, tamanho, velocidade de crescimento e etc.
Inicialmente, a seleção das sementes era realizada apenas por meio de técnicas convencionais, como o cruzamento entre plantas. Com o passar dos anos, descobriu-se como as características são passadas de uma geração para outra e qual o papel da genética neste processo. As técnicas foram aprimoradas e as descobertas tornaram-se cada vez mais detalhadas. Os novos métodos utilizados permitiram que os genes fossem transferidos sem a reprodução sexual. A tecnologia que permitiu esse avanço ficou conhecida por Engenharia Genética.
Dessa maneira, um OGM pode:
- ter a adição de um gene proveniente de uma espécie não sexualmente compatível (transgênico)
- ter a adição de um gene de uma espécie com a qual poderia haver um cruzamento (cisgênico)
- ter um ou mais de seus genes deletados.
Cisgênico significa que o organismo teve seu DNA modificado por meio de biotecnologia, usando apenas genes de espécies que podem ser cruzadas naturalmente. Um dos exemplos mais conhecidos de cisgenia é resultante da pesquisa para tornar batatas resistentes ao fungo patogênico Phytophthora. Os pesquisadores implantaram nas batatas um gene de resistência ao fungo presente em batatas selvagens.
O que são transgênicos
Transgênicos são organismos que tiveram seu código genético modificado por meio da biotecnologia. Essa alteração inseriu no genoma desse organismo o DNA de espécies que não são compatíveis sexualmente.
Dessa forma, todo o transgênico é OGM, mas nem todo OGM é transgênico.
São exemplos de aplicação da biotecnologia:
Na agricultura – soja, milho, algodão, canola e cana-de-açúcar tolerantes a herbicidas, resistentes a insetos, vírus, estresses abióticos (seca, solos salinos, excesso de água) e/ou com composição nutricional melhorada;
Na saúde – tratamentos por meio de terapias gênicas, medicamentos para o tratamento de câncer, insulina produzida a partir de microrganismos transgênicos, mosquito da dengue geneticamente modificado para combater a transmissão da doença, vacinas veterinárias e humanas;
Na aquicultura – salmão transgênico que cresce mais rápido;
Na indústria de alimentos – uso de microrganismos transgênicos na produção de queijos, vinhos, cervejas e pães;
Na indústria química – uso de enzimas produzidas por microrganismos geneticamente modificadas para decomposição de moléculas de gordura em detergentes.
A agricultura é um dos setores nos quais a biotecnologia é usada para desenvolver transgênicos. O Brasil é o segundo maior produtor de transgênicos do mundo. As principais culturas são: soja, milho, algodão e, mais recentemente, a cana-de-açúcar.
A maior parte dos transgênicos hoje disponíveis no mercado foram desenvolvidos para auxiliar os produtores no combate a pragas nas plantações. Por conta das características inseridas, tolerância a herbicidas e resistência a insetos, essa tecnologia otimiza o uso de defensivos agrícolas nas lavouras, protegendo o solo, a água, o ar, os agricultores e, claro, o consumidor.
Como identificar transgênicos na alimentação
O alimento transgênico pode não ser identificado a olho nu. Dessa maneira, para saber se um alimento é ou tem em sua composição um ingrediente transgênico é preciso fazer testes em laboratório. No Brasil, um produto que contenha mais de 1% ingrediente transgênico em sua composição deve conter as seguintes informações:
símbolo de transgênico na embalagem. É representado por um triângulo amarelo, com a letra T dentro;
frase “produto produzido a partir de soja transgênica” ou “contém soja transgênica”;
nome da espécie doadora do gene junto à identificação dos ingredientes ou sigla OGM (Organismo Geneticamente Modificado).
É importante saber que a rotulagem não tem relação com a biossegurança dos transgênicos, e sim com o direito à informação.
OGM e Transgênicos fazem mal à saúde?
A resposta é não. Existe um mito de que os alimentos geneticamente modificados fazem mal à saúde, mas isso não tem nenhum embasamento científico. Segundo a nutricionista e doutora em Ciência dos Alimentos, Neuza Brunoro, todos os produtos derivados da biotecnologia e destinados à alimentação humana passam por rigorosas avaliações sobre sua biossegurança. “Até hoje não foram constatados problemas de saúde relacionados com a ingestão de alimentos produzidos a partir de plantas transgênicas nos estudos que antecederam a liberação comercial ou no consumo desses produtos”, afirma.
Aplicações da biotecnologia e o melhoramento genético
O melhoramento genético existe há milhares de anos, desde o começo da domesticação, cruzamento e seleção das melhores plantas e animais. Mas foi em meados do século 20 que descobertas sobre o DNA revolucionaram as pesquisas científicas e a biotecnologia. “O século 20 trouxe avanços incríveis na compreensão da genética, a descoberta do DNA, do código genético e de como interpretar os genomas. E cada uma dessas descobertas facilitou o melhoramento na agricultura.”, explica a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani.
Os transgênicos foram produzidos graças aos avanços na biotecnologia. “Com o advento da tecnologia do DNA recombinante, tornou-se possível isolar com precisão o fragmento de DNA desejado, diferentemente dos processos biológicos tradicionais, que eram aleatórios”, explica a pesquisadora Simone Scholze¹.
Biotecnologia é o conjunto de conhecimentos, técnicas e métodos de base científica ou prática que permitem a utilização de seres vivos como parte integrante e ativa do processo industrial de bens e serviços.²
REFERÊNCIAS
¹SCHOLZE, S.H.C Patentes, transgênicos e clonagem, Ed. UNB, 2002
² CARVALHO, A.P. Patentes para biotecnologia, Ciência Hoje, p. 72-75, jul. 1992
Enviado pela Dra. Ivanice Bezerra da Silva (UFRN)
FONTE: https://cib.org.br/faq/ogm-e-transgenicos/?utm_source=post-fb-OGM-transgenicos&utm_medium=pilar
Postado por Cláudio H. Dahne (Ciências Biológicas - UFC)
Comentários
Postar um comentário