O uso da ferramenta de edição de genes CRISPR-Cas9 pode ajudar na obtenção de plantas de cacau resistentes a doenças. Isso é o que apontam as pesquisas da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Penn State da Pensilvânia. Publicado recentemente, o estudo pioneiro demonstra a viabilidade de CRISPR no cacau.
Os pesquisadores utilizaram a técnica para “desligar” o gene TcNPR3, que impede a planta de se defender de doenças. Quando as folhas das plantas modificadas foram infectadas com o fungo Phytopthera tropicalis, apresentaram maior resistência. Além dos testes nas folhas, também foram desenvolvidos embriões de cacau geneticamente editados. Esses embriões darão origem a plantas adultas, que posteriormente serão avaliadas quanto à resistência ao fungo.
Esse é mais um resultado da busca incansável por tornar o cacau mais resistente a doenças. Em mais de 30 anos de investigações, o uso de CRISPR no cacau foi a técnica mais promissora para ajudar no melhoramento do cacaueiro. Um dos objetivo dos cientistas da Pensilvânia é elevar o padrão de vida dos pequenos cacauicultores. “Além disso, por meio do desenvolvimento de plantas que possam resistir a doenças, buscamos estabilizar a oscilante oferta de cacau”, afirma a coautora do trabalho Siela Maximova.
Maximova destaca que, atualmente, a única forma de aumentar a oferta do cacau é ampliar a área plantada. Porém, a expansão das áreas agricultáveis pode ameaçar o meio ambiente. Adicionalmente, pode também implicar em aumento do uso recursos limitados, como água e insumos. O desenvolvimento de plantas mais resistentes é uma alternativa para se alcançar uma produção de cacau sustentável.
O cacaueiro e a importância do uso de CRISPR no Cacau
O cacaueiro, cultivado em regiões tropicais, produz as amêndoas que são a matéria-prima do chocolate. A produtividade das plantas de cacau é essencial para as economias de diversos países. Além disso, a cultura é o meio de subsistência de milhões de pequenos produtores em todo o mundo. Entretanto, a cada ano, várias doenças limitam severamente a produção global de cacau, causando a perda dos frutos antes da colheita.
Isso ocorreu no Brasil, por exemplo, com o aparecimento da Vassoura de Bruxa. A doença, causada por um fungo, devastou as lavouras brasileiras nos anos 90. Até hoje a produção do País não conseguiu se recuperar completamente. Outra região produtora que sofre com doenças que atacam as lavouras é a Africa ocidental. Por causa disso, melhorar a resistência dos cacaueiros às doenças tem sido uma prioridade para os pesquisadores. No entanto, o desenvolvimento dessas variedades é um desafio, já que a planta leva em torno de dois anos para começar a produzir frutos, atingindo sua produtividade máxima sete anos após o plantio.
O que é CRISPR?
A sigla CRISPR-Cas9 vem da expressão inglesa Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats e, em tradução literal, significa “agrupados de curtas repetições palindrômicas regularmente interespaçadas”. A CRISPR é uma sequência de DNA que pode ser repetida diversas vezes, com sequências únicas entre as repetições. Sempre convenientemente localizado perto dessas sequências, está o gene que expressa a enzima Cas9. Essa enzima tem a capacidade de cortar precisamente o DNA. A dupla CRISPR-Cas9 funciona da seguinte maneira: a Cas9 corta o DNA e a CRISPR diz à enzima exatamente onde cortar.
Fonte: Universdidade Penn State da Pensilvânia, 21 de maio de 2018
Postado por Cláudio H. Dahne (Ciências Biológicas - UFC)
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