Pular para o conteúdo principal

Microscópio óptico agora permite ver diretamente mundo da nanotecnologia

Microscópio óptico agora permite ver diretamente mundo da nanotecnologia
A técnica permite ver estruturas até agora só vistas com etiquetação ou através de microscópios eletrônicos.
[Imagem: Lynford Goddard/Grainger Engineering]

Inovação na microscopia

Não é todo dia que se ouve falar sobre avanços dos microscópios ópticos, aqueles tradicionais, que permitem que você veja diretamente o objeto, em contraposição aos microscópios eletrônicos, nos quais as imagens são reconstruídas por computador.

Afinal, os livros texto nos dizem que não podemos enxergar objetos cuja resolução supere o limite de Abbe - em 1873, Ernst Abbe estipulou um limite físico para a resolução máxima da microscopia óptica tradicional: ela nunca poderia superar 0,2 micrômetro, ou 200 nanômetros, o que significaria que o mundo da nanotecnologia estaria sempre fora do alcance dos nossos olhos.

Um trio de pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, acaba de desafiar esse conhecimento - e demonstraram isso na prática.

"Nosso trabalho é significativo não apenas porque promove o entendimento científico da imagem óptica, mas também porque permite que os pesquisadores visualizem diretamente objetos não marcados que possuem profundas separações de comprimento de onda. Podemos ver estruturas em nanoescala sem executar nenhum pós-processamento de imagem," disse o professor Lynford Goddard.

Microscópio óptico agora permite ver diretamente mundo da nanotecnologia
Ilustração mostrando a estrutura usada para a detecção em nanoescala visualizável, criando artificialmente uma "vala" eletromagnética. As curvas azul e vermelha denotam a força do campo elétrico do fundo e do objeto em nanoescala, respectivamente.
[Imagem: Jinlong Zhu et al. - 10.1038/s41467-020-16610-0]

Vencendo a barreira da difração

O trabalho começou no nível teórico, conforme a equipe precisou criar um modelo de como a luz se propaga nos sistemas em nanoescala. E uma das configurações trouxe um resultado inusitado, mostrando que seria possível visualizar objetos muito menores do que se acreditava ser possível no comprimento de onda da luz visível.

A equipe então partiu para construir um sistema óptico capaz de replicar todas as configurações do modelo. E deu certo.

"Usar um microscópio óptico padrão para visualizar objetos nanométricos é extremamente desafiador, não apenas por causa da barreira de difração, mas também pelo sinal fraco. Nosso experimento teve que utilizar dois conceitos físicos novos e interessantes, a excitação anti-simétrica e a amplificação sem ressonância, para aumentar a razão sinal-ruído dos objetos em nanoescala," explicou o pesquisador Jinlong Zhu.

A técnica permitiu observar diretamente objetos em nanoescala e com um campo de visão surpreendente grande - 726 x 582 micrômetros.

"Tivemos muita sorte de que alguns dos nanofios da nossa amostra de teste apresentassem imperfeições na fabricação. Isso nos permitiu demonstrar a visualização de defeitos abaixo de 20 nanômetros em um chip semicondutor. No futuro, também poderemos aplicar nosso método para a detecção visual de objetos biológicos (por exemplo, vírus ou aglomerados de moléculas) escolhendo nanofios com geometria otimizada, índice de refração adequado e grupos funcionais padronizados em torno dos nanofios. Quando os analitos alvo forem capturados, eles funcionam como objetos que podem ser visualizados diretamente das imagens ópticas," finalizou Zhu.

Bibliografia:

Artigo: Visualizable detection of nanoscale objects using anti-symmetric excitation and non-resonance amplification
Autores: Jinlong Zhu, Aditi Udupa, Lynford L. Goddard
Revista: Nature Communications
Vol.: 11, Article number: 2754
DOI: 10.1038/s41467-020-16610-0

FONTE: Site Inovação Tecnológica

Postado por Cláudio H. Dahne

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E A EQUAÇÃO DE ARRHENIUS por Carlos Bravo Diaz, Universidade de Vigo, Espanha

Traduzido por Natanael F. França Rocha, Florianópolis, Brasil  A conservação de alimentos sempre foi uma das principais preocupações do ser humano. Conhecemos, já há bastante tempo, formas de armazenar cereais e também a utilização de azeite para evitar o contato do alimento com o oxigênio do ar e minimizar sua oxidação. Neste blog, podemos encontrar diversos ensaios sobre os métodos tradicionais de conservação de alimentos. Com o passar do tempo, os alimentos sofrem alterações que resultam em variações em diferentes parâmetros que vão definir sua "qualidade". Por exemplo, podem sofrer reações químicas (oxidação lipídica, Maillard, etc.) e bioquímicas (escurecimento enzimático, lipólise, etc.), microbianas (que podem ser úteis, por exemplo a fermentação, ou indesejáveis caso haja crescimento de agentes patogênicos) e por alterações físicas (coalescência, agregação, etc.). Vamos observar agora a tabela abaixo sobre a conservação de alimentos. Por que usamo...

Two new proteins connected to plant development discovered by scientists

The discovery in the model plant Arabidopsis of two new proteins, RICE1 and RICE2, could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, and ultimately to improve agricultural productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. Credit: Graphic courtesy of Dr. Xiuren Zhang, Texas A&M AgriLife Research The discovery of two new proteins could lead to better ways to regulate plant structure and the ability to resist crop stresses such as drought, thus improving agriculture productivity, according to researchers at Texas A&M AgriLife Research. The two proteins, named RICE1 and RICE2, are described in the May issue of the journal eLife, based on the work of Dr. Xiuren Zhang, AgriLife Research biochemist in College Station. Zhang explained that DNA contains all the information needed to build a body, and molecules of RNA take that how-to information to the sites in the cell where they can be used...

Fármaco brasileiro aprovado nos Estados Unidos

  Em fotomicrografia, um macho de Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose CDC/G. Healy A agência que regula a produção de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, a FDA, concedeu o status de orphan drug para o fármaco imunomodulador P-Mapa, desenvolvido pela rede de pesquisa Farmabrasilis, para uso no tratamento de esquistossomose.  A concessão desse status é uma forma de o governo norte-americano incentivar o desenvolvimento de medicamentos para doenças com mercado restrito, com uma prevalência de até 200 mil pessoas nos Estados Unidos, embora em outros países possa ser maior. Globalmente, a esquistossomose é uma das principais doenças negligenciadas, que atinge cerca de 200 milhões de pessoas no mundo e cerca de 7 milhões no Brasil.  Entre outros benefícios, o status de orphan drug confere facilidades para a realização de ensaios clínicos, após os quais, se bem-sucedidos, o fármaco poderá ser registrado e distribuído nos Estados Unidos, no Brasil e em outro...